Começou num verão. O verão de 1990. Decidi que não mais o Basket ia ter segredos para mim e assim, dia após dia naquele verão, todas as tardes a bola era uma extensão do meu corpo, do meu ser. Tantas vezes sózinho no campo de basket da Escola Secundária Maria Lamas, saltei as grades, corri para o campo e com a tabela para me tapar o sol nos olhos lancei vezes e vezes sem conta a bola na direção do aro que se ia tornando o meu melhor amigo. Quando ficava com os braços dormentes de tanto lançar, deitava-me no garrafão ... o chão quente do sol batido era o meu colchão. Fechava os olhos e sonhava com novas jogadas ... pensava como me poderia fintar a mim mesmo... previa e imaginava cenários. Nesse verão nasceu em mim um jogador de basket. A minha mão direita era cega e eu deixava muito a dever ao controle de bola necessário a um jogador a sério. Mas em compensação existia a magia que ligava toda a gente na equipa. A finta de olhos deixava muitos pelo caminho. Fiz o ponto 100 na primeira vez que a minha equipa ultrapassou os 100 pontos. Tive uma média de mais de 30 pontos em várias épocas e tantas outras coisas. Nunca fomos a melhor equipa, mas os pais de miudos de outras equipas gostavam de nós por jogarmos o basket que mais ninguém jogava. Um treinador adversário disse de mim que nunca tinha visto um jogador fazer o que eu tinha feito contra a equipa dele. Eu agradeci. Não gostei que ele tivesse contado o que viu ao treinador da equipa seguinte e tenha sofrido uma marcação de 2 homens o jogo todo. Fui o 13 e o nº10 ... por ser o número do Maradona. Não havia absolutamente nada que eu gostasse mais de fazer do que jogar basket. Foram tempos mágicos. Como diz o Bryan Adams .. esse maluco : "Those were the best days of my life !"